A higiene das mãos (HM) é a técnica mais eficaz para prevenção da disseminação de microrganismos e doenças infecciosas nas instituições de saúde. As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) estão entre as principais complicações ligadas aos cuidados, acometendo principalmente pacientes atendidos em ambientes hospitalares. São responsáveis por altos índices de morbidade e mortalidade e custos para o tratamento, trazendo prejuízos para o paciente, sua família, para a instituição hospitalar e para a sociedade1.Nos Estados Unidos (EUA) quase 1,7 milhão de pacientes hospitalizados anualmente adquirem IRAS enquanto são tratados por outros problemas de saúde e que mais de 98.000 pacientes (um em cada 17) morrem devido a isso. Embora tenha havido um progresso significativo na prevenção das IRAS, estima-se que um a cada 31 pacientes internados acabam adquirindo pelo menos uma IRAS. Estes números se mantiveram durante os anos de 2020 e 2021, na vigência da pandemia2.Sabe-se que a maioria das IRAS são transmitidas por contato direto, principalmente pelas mãos dos profissionais de saúde (PS), fato associado à baixa adesão da HM.
Entretanto, algumas barreiras podem reduzir a adesão como a irritação produzida pelos produtos e/ou técnica de higiene, inacessibilidade aos insumos, prioridade no atendimento ao paciente antes da antissepsia, uso de luvas em substituição à HM, esquecimento, desconhecimento das recomendações, falta de tempo, alta carga assistencial ou falta de informação quanto ao impacto de HM no controle das IRAS3.Frente à importância que a HM possui nos serviços de saúde, entende-se que medidas devem ser instituídas para a adesão por parte dos PS.
Neste sentido, a Organização Mundial da Saúde 4 vem realizando ações e juntando esforços desde 2005, na tentativa de aumentar o engajamento das instituições de saúde para implantar estratégias que estimulem a adesão à HM e recomenda a implantação de uma estratégia multimodal, composta por adequação da estrutura física da instituição e fornecimento de insumos para HM, treinamento e educação regular das equipes, avaliação periódica da HM com feedback para os PS, entre outras atividades5.Intervenções que estimulam mudanças de comportamento produzem resultados positivos na adesão à HM em PS.
Percebe-se que além das mudanças individuais, há necessidade de modificações organizacionais para aumentar a conformidade com este indicador. Sabe-se que a mudança de comportamento é um aspecto complexo e multifacetado, onde educação, motivação e mudança do sistema são fatores primordiais. É preciso também abordar as próprias barreiras do indivíduo e modificar comportamentos pré-existentes em relação à HM6.Em um hospital universitário da Suécia, pesquisadores avaliaram a opinião dos PS após implantação da Estratégia Multimodal de Melhoria de Higiene de Mãos. Os profissionais informaram que as mudanças foram facilitadoras para modificação de comportamento de adesão à HM e pediram a manutenção de feedbacks periódicos nas áreas6.Em 2020, a pandemia do coronavírus desencadeou uma crise global de saúde pública em todo o mundo.
A transmissão do vírus ocorre por contato direto, aerossóis transportados pelo ar, inalação de gotículas respiratórias de pacientes infectados ou pelas mãos dos PS. Neste cenário, a HM assumiu importância como estratégia para redução da transmissão da doença, dentro e fora das instituições hospitalares7. Um estudo realizado pelo Instituto Mexicano de Previdência Social durante o pico da pandemia demonstrou que em 117 oportunidades, a HM foi realizada apenas em 40 (34%) e que 76 (65%) houve omissão8.Frente ao exposto, justifica-se este estudo na importância de produzir conhecimento e discutir sobre o tema, minimizando o risco de infecções hospitalares e a manutenção da segurança dos pacientes.
Entende-se ser um estudo inovador pois também buscou publicações de medidas adotadas no período de pandemia. Neste contexto, estratégias citadas neste artigo, podem servir de exemplo para instituições hospitalares que necessitam melhorar a adesão. Objetiva-se identificar e sumarizar evidências científicas sobre medidas para adesão à HM por PS centros terciários.
Logo, é de suma importância medidas para o incentivo da higienização das mãos identificadas na literatura foram a realização de treinamentos para a equipe de saúde com ênfase na importância da higienização das mãos e a promoção de educação continuada, melhoria do acesso aos materiais e espaços para realização do processo, distribuição de cartazes nos centros de saúde estimulando a higienização das mãos antes e após os procedimentos com os pacientes. Essas e outras medidas instituídas para a higiene das mãos, contribuem para o conhecimento, promoção da saúde e segurança do paciente. As infecções têm consequências graves, incluindo impacto econômico considerável, internações hospitalares mais longas, aumento da resistência dos microrganismos e número significativo de mortes. Salienta-se a importância do investimento em programas diversificados, com múltiplas atividades, que incentivem a participação dos profissionais da saúde. Outra questão importante é o empoderamento do paciente e família, solicitando um atendimento com mãos higienizadas adequadamente.